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Novembro Azul lembra que prevenção é o melhor contra câncer de próstata

Médico urologista esclarece qual faixa etária é mais propensa e que nem todo nódulo é câncer, entre outros apontamentos

O penúltimo mês do ano chegou e com ele a campanha Novembro Azul que, mesmo com a pandemia chamando toda a atenção para o novo coronavírus, lembra que o câncer de próstata ainda inspira cuidados preventivos.

O médico urologista Gutemberg Adrian de Oliveira, que é professor universitário na faculdade de Medicina do UniFAE - São João da Boa Vista, salienta que a neoplasia de próstata (câncer) é realmente a segunda mais comum entre os homens, perdendo apenas para o câncer de pele.

“Ela representa cerca de 10% de todos os casos de câncer juntos, com aproximadamente 60 mil casos novos por ano no Brasil. Estima-se que, mundialmente falando, um em cada dez homens será diagnosticado com câncer de próstata durante sua vida”, justifica o urologista.

E observa que a taxa de incidência é bem maior em países desenvolvidos, talvez em virtude de  maior acesso aos meios modernos e tecnologia de exames disponíveis atualmente, bem como à maior expectativa de vida nesses países.

“Onde se faz mais diagnóstico, há uma incidência maior. É importante lembrar também que é uma doença mais comum a partir da sexta década de vida: 75% dos casos de câncer de próstata aparecem após os 60 anos. Não que não tenham homens com câncer de próstata com menos de 60 anos, mas sua maior incidência é após a sexta década de vida”, revela Gutemberg.

O médico também ressalta que o protocolo da Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que se realize o rastreamento de neoplasia de próstata a partir dos 45 anos em homens que tenham história familiar deste câncer; e a partir dos 50 nos homens que não tenham tal histórico.

Em relação aos sintomas, Gutemberg aponta que, infelizmente, esta é uma doença silenciosa. “A neoplasia de próstata só começa a causar sintomas reais, que incomodam o homem,  quando já está em estágio avançado, inclusive com metástases ósseas. O paciente acometido por essa doença, então, começa a ter dor óssea refratária, muita limitação de movimentos e esse tumor passa a causar também sintomas urinários obstrutivos e irritativos. Dificuldade de urinar progressiva, em alguns casos até retenção urinária, pelo crescimento do tumor ali, junto à entrada da bexiga”, alerta o médico.

NÓDULOS BENIGNOS

Contudo, Gutemberg pondera que nem todos os nódulos que surgem são necessariamente cancerosos e que a próstata pode ser acometida por nódulos benignos.

“Por isso é que, para você indicar um exame de próstata mais a fundo, mais detalhado, precisa ter outros subsídios, não só o nódulo. O nódulo de próstata sentido ao toque retal é um subsídio; a consistência da próstata é outro subsídio; o valor do hormônio prostático específico, chamado de PSA, é outro; a ressonância magnética pélvica, que irá dar uma classificação desse nódulo, é outro; a evolução do PSA anualmente também é um subsídio; além da densidade do PSA. Enfim, tem vários parâmetros e não apenas o nódulo”, esclarece o urologista, acrescentando que existem outras doenças que aumentam o PSA e ‘confundem’ o médico e o paciente, que pode achar que é um câncer.

Dessas doenças, Gutemberg cita que as duas principais são a hiperplasia benigna de próstata, que é o crescimento exagerado da próstata, que causa sintomas urinários obstrutivos e irritativos, às vezes com presença de nódulos; e as prostatites, infecções bacterianas na próstata.

“A Sociedade Brasileira de urologia ainda defende que a prevenção, as campanhas de rastreamento de próstata a partir dos 45 anos, como eu disse, em homens que têm história familiar e a partir dos 50 naqueles que não têm, ainda é o mais indicado. E a prevenção se faz por exame anual, com toque retal e dosagem de PSA. Se esses exames vierem alterados, a gente complementa com exames específicos e encaminha para ultrassom com biopsia de próstata, ressonância magnética pélvica e alguns outros subsídios para fazer o diagnóstico do câncer”, acentua Gutemberg.

O urologista finaliza, justificando que a prevenção ainda é o melhor tratamento pois, quando detectado precocemente, o tumor tem índices de 90 a 95% de cura total, com cirurgia ou radioterapia, ao passo que, se descoberto em estágio avançado, o arsenal de tratamento será bem menor, com uma sobrevida ruim e dolorosa do paciente, além de elevar os gastos do sistema de saúde, com quimioterapia, radioterapia, bloqueadores hormonais e outros medicamentos de última geração, porém muito caros.